Crédito: SGT NICÁCIO

Comandante do CBMPE fala das enchentes e deslizamentos ocorridos no Estado e da importância da qualificação constante dos bombeiros para enfrentar estes cenários

Chuvas intensas, enchentes e deslizamentos castigaram o estado de Pernambuco no final de maio e início de junho deste ano. O resultado foram 133 mortos, a maioria deles em deslizamentos de barreiras no Grande Recife, configurando o desastre como o segundo maior na história do Estado devido ao total de vítimas. Os municípios mais afetados foram Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Camaragibe, na Região Metropolitana.

Com apoio de diversas forças de segurança de todo o país, o CBMPE (Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco) atuou durante dias no resgate dos corpos e enfrentou diversas dificuldades para atender a dezenas de ocorrências simultaneamente. Para falar sobre as causas desta ocorrência, o preparo da corporação para cenários semelhantes e as dificuldades enfrentadas nos atendimentos o comandante-geral do CBMPE, coronel Rogério Antônio Coutinho da Costa, falou com exclusividade à Emergência.

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência

PERFIL – ROGÉRIO ANTÔNIO COUTINHO DA COSTA

Ingressou no CBMPE (Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco) em 1991 e após a conclusão do CFO (Curso de Formação de Oficiais) na Academia de Polícia Militar do Paudalho, foi declarado aspirante a oficial em 1993. O coronel Coutinho é Bacharel em Ciências Econômicas pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e em Gestão Financeira (pela Estácio FIR), além de possuir pós-graduação em Políticas de Segurança Pública e de Gerenciamento Operacional nas Organizações, ambas pela Universidade Estácio. Na área de Gerenciamento de Desastres possui o Curso Bases Administrativas para a Gestão de Risco (BAGER) pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Além do CFO, possui entre outros cursos militares: Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, Curso Superior de Polícia, Curso Expedito de Técnica de Ensino pela Marinha do Brasil e o Curso Básico de Atendimento Pré-Hospitalar. No CBMPE desempenhou como principais funções as de presidente da Comissão de Licitação e da Central de Pregoeiros, diretor de Logística, comandante do GBAPH (Grupamento de Bombeiros de Atendimento Pré-Hospitalar) e, por último, a função de diretor de Finanças do CBMPE. Tomou posse como comandante-geral do CBMPE em novembro de 2019.

ESTE FOI O SEGUNDO MAIOR DESASTRE DA HISTÓRIA DO ESTADO. CONSIDERANDO QUE O BOMBEIRO TAMBÉM TEM VISÃO NA ÁREA DE GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES, O QUE CONTRIBUI PARA ESTAS OCORRÊNCIAS LIGADAS ÀS CHUVAS E DESLIZAMENTOS NO ESTADO NA SUA OPINIÃO?

Parte da Região Metropolitana do Recife foi construída sobre uma planície de areni­to com bastante área de mangue que possui pouca elevação em relação ao nível do mar. Isso faz com que precipitações pluviométricas consideradas médias causem grandes alagamentos. Outra causa pode ser atribuída à ocupação por meio de moradias irregulares nas áreas de morro, que possuem estrutura física frágil, com barro vermelho e de pouca consistência. Já na região da Zona da Mata Sul do Estado, a ocupação irregular dos leitos dos rios e a concentração de chuvas em curto espaço de tempo levam a desastres, como as cheias que vimos nos anos de 2010 e 2017. Por fim, a dificuldade dos moradores em praticar ações preventivas mínimas potencializa os riscos de uma tragédia de grandes proporções.

COMO A CORPORAÇÃO TEM SE PREPARADO PARA ESTES CENÁRIOS NO ESTADO?

Anualmente, o CBMPE lança a Operação Inverno, que se estende dos meses de abril a agosto, e conta com ações preventivas como a preparação do efetivo por meio de Cursos de Aperfeiçoamento e de Especialização (Busca e Resgate em Áreas Colapsadas, Resgate em Áreas Inundadas, Operador de Embarcações, entre outros), além da ativação do Plano de Chamado do Efetivo. Ocorre também a aquisição dos equipamentos necessários para salvamentos nos casos de deslizamento de barreiras, desmoronamento de imóveis e resgate de pessoas ilhadas. Também realizamos trabalhos educativos e preventivos, como palestras em escolas públicas e privadas e associações de moradores, entrevistas na imprensa e utilização das redes sociais, visando orientar sobre as áreas vulneráveis e como agir em caso de sinistros.


Confira a entrevista completa na edição de agosto/outubro da Revista Emergência.

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