Análise sobre o maior acidente nuclear da história traz aprendizados sobre as ações diante de eventuais emergências radiológicas e nucleares no Brasil
O Brasil possui sob sua jurisdição 7,4 mil quilômetros de costa, 3,5 milhões de quilômetros quadrados de espaço marítimo, local onde somente o país pode explorar economicamente, e que, por conta das suas riquezas naturais e minerais abundantes, é chamado de Amazônia Azul. Cabe ressaltar que 95% do seu comércio exterior é escoado pelas rotas marítimas.
Segundo A. A. F. Vidigal et al., apesar de sermos um país livre de grandes conflitos, a história nos mostra que um Estado que possui um bem valioso precisa cercar-se de meios dissuasivos de poder. Com a finalidade de salvaguardar essa extensa área oceânica, a Marinha do Brasil, por meio do CTMSP (Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo) com sua extensão no CEA (Centro Experimental em Aramar) no município de Iperó, São Paulo, está desenvolvendo no LABGENE (Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica), um protótipo, em terra e em escala real, do sistema de propulsão nuclear que será instalado no futuro SN-BR (Submarino Nuclear Brasileiro).
Para esse avanço tecnológico, a Marinha do Brasil, os governos municipal, estadual, federal e a Defesa Civil do município de Iperó precisarão estar preparados em termos de segurança radiológica e nuclear, uma vez que a área passará a ter um risco tecnológico como de um acidente radiológico e nuclear. Uma boa preparação, por meio de estudos e treinamentos, pode melhorar a resposta para uma possível emergência que, por sua vez, envolve muitas organizações em diferentes esferas de poder, com suas respectivas responsabilidades e arranjos bem definidos.
Dessa forma, o texto tem como propósito apresentar fatores que contribuíram para um desastre nuclear, bem como suas consequências, utilizando como pano de fundo o acidente nuclear ocorrido em Chernobyl, em 26 de abril de 1986, de modo a auxiliar os órgãos supracitados. Terá cunho bibliográfico e a coleta de dados irá se basear no levantamento de literaturas impressas e on-line relacionadas ao tema. Serão utilizados livros, artigos publicados em revistas e em simpósios, sites oficiais, reportes e relatórios de instituições devidamente referenciadas.
CHERNOBYL
Décadas antes do maior acidente nuclear já ocorrido, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e todo o mundo desfrutavam de uma série de experiências nas áreas nucleares, por meio de programas nucleares. Na madrugada de sábado do dia 26 de abril de 1986, o reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, modelo (RBMK), localizada no distrito de Pripyat, Ucrânia, antiga União Soviética, superaqueceu durante um teste de segurança, e devido à pressão por vapor houve a ruptura do vaso reator, ocorrendo, assim, a explosão.
Referências:
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Autor:
Heron Almeida Lima – Mestre em Defesa e Segurança Civil pela Universidade Federal Fluminense/UFF
[email protected]
Confira o artigo completo na edição de ago/out/23 da Revista Emergência.