sábado, 29 de junho de 2024

Entrevista: Dedicação extrema – Ed. 152

Consultor técnico da revista fala sobre suas diversas ações nas emergências cardiovasculares, traumáticas, aquáticas, esportivas e em áreas remotas

Desde seu início, a revista Emergência conta com uma rede de consultores técnicos que ajudaram, por meio de suas expertises, a construir uma publicação séria e renomada na área. Um destes profissionais é Waltecir Lopes. Fisiologista e educador físico, Waltecir tem sido palestrante fixo nas feiras realizadas pela revista, falando, em especial, sobre emergências cardiovasculares e situações especiais e, mais recentemente, sobre controle de hemorragias. Também é coordenador do PrevTrauma (Seminário de Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes), evento paralelo à Expo Emergência, que está em sua segunda edição. Além disso, é autor de vários artigos publicados pela revista, sendo um dos últimos sobre torniquete tático.

Pós-graduado em Reabilitação Cardíaca, Waltecir tem grande atuação em Suporte Básico de Vida, sendo há 20 anos instrutor convidado de BLS (Basic Life Support) do Hospital Sírio-Libanês. Foi, ainda, instrutor e colaborador do LTSEC (Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares) do InCor (Instituto do Coração), de 2004 a 2013. Atua, também, há mais de 20 anos na área da Fisiologia do Exercício para profissionais de saúde e desde 2006 dedica-se à Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático). No currículo, destacam-se ainda atuações no APH Tático e em áreas remotas.

Nessa entrevista, ele revela todo seu conhecimento sobre esses assuntos e alerta sobre temas pouco conhecidos e especiais nas emergências cardiovasculares como o commotio cordis e conflito autonômico (hidrocussão).

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência


PERFIL | WALTECIR LOPES

Graduado em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes, em 1997, e pós-graduado em Reabilitação Cardíaca pela FMU-SP, em 2000. Fez curso de Fisiologia do Exercício pelo CEFE UNIFESP, em 2000, e de Pesquisador em Fisiologia pelo CEMAFE – UNIFESP, em 2002. É professor do CEFIT (Centro de Estudos em Fisiologia e da Medicina do Esporte) e instrutor e staff convidado pela SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte). É membro da Diretoria da Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático), instrutor convidado de BLS (Basic Life Support) do Hospital Sírio-Libanês e colaborador da ABMAR (Associação Brasileira de Medicina de Áreas Remotas). Foi instrutor e colaborador do LTSEC (Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares) do InCor (Instituto do Coração). É coautor de capítulos de vários livros na área de emergência, instrutor de Fisiologia do Combate, consultor técnico da revista Emergência, palestrante e coordenador de eventos da revista como o PrevTrauma.


COMO FOSTE PARAR NA ÁREA DE EMERGÊNCIA? O QUE TE CHAMOU PARA ESTE MUNDO?

Eu me encantei pela área há mais de 30 anos, em 1991, quando fui da Guarda Presidencial de Brasília e tinha um oficial que ministrou a matéria de primeiros socorros. Quando eu vim para São Paulo, em 1994, comecei a fazer Educação Física e conheci um capitão médico do bombeiro. Começamos a fazer treinamentos de emergência e fiz estágio na Praia Grande, no Brisa Resgate. Em 1997, eu fiz cursos pelo NSC, National Safety Council, e em 2002 eu comecei com outros treinamentos em emergência. Em 2000, comecei a coordenar um Centro de Treinamento de Emergência em Primeiros Socorros no Hospital Bandeirantes e tinha um projeto de treinamento de primeiros socorros com crianças e também nas empresas, no qual eu falava de diabetes hipertensão, exercício, qualidade de vida e primeiros socorros. Paralelamente, em 2001, eu já exercia a função de professor convidado da EPM-UNIFESP, FMU e Gama Filho, com os temas de Fisiologia do Exercício, responsabilidade do profissional de saúde e primeiros socorros. Em 2004, eu fui para o Hospital Sírio-Libanês, fiz o curso de instrutor e fui convidado para ser instrutor do Laboratório de Simulação em Emergência Cardiovascular do hospital. Portanto, são 20 anos exercendo a atividade. Na mesma data, eu entrei no InCor e fiquei nove anos no Laboratório de Simulação em Emergência Cardiovascular do instituto, auxiliando em treinamentos como o BLS, entre outros cursos. Tive também a oportunidade de rodar o Brasil com treinamento para Bombeiros e SAMU. Atualmente, há quase oito anos, eu trabalho para uma empresa privada que atende emergências em eventos esportivos, como rallys e motocross.

FOSTE EMENDANDO UM TRABALHO NO OUTRO E FICANDO NA ÁREA…

Sim, até treinamentos em resgate do mergulhador (Rescue Dive) e prevenção aquática eu faço. Também sou mergulhador desde 2001, atualmente sou Dive Master pela NAUI. Também dou, há quase sete anos, aula de Fisiologia do Combate na área de Segurança Pública, que eu adoro. Na área acadêmica, ainda dou aula de Fisiologia de Trauma e Exercício.

QUAL É A SITUAÇÃO DO TRAUMA NO BRASIL? O QUE TEM SIDO MAIS AMEAÇADOR TANTO PARA CRIANÇAS QUANTO ADULTOS NESTA ÁREA?

Na área de trauma, o que mais nos assusta é que a primeira causa de morte hoje em crianças de um a quatro anos no Brasil é o afogamento. E a segunda causa de um a nove anos. Nós temos mais de 5.000 pessoas que morrem afogadas por ano e metade desses afogamentos ocorre em piscinas. E nas piscinas metade destas crianças sabiam nadar e ficaram presas pelos ralos, apesar de existirem normas, como a ABNT NBR 10.339, e lei federal 14.327, de 2022, que criam a obrigatoriedade de ter tampas de antissucção nas piscinas. Mas não é só o afogamento, a gente tem as outras causas externas: tem queda, atropelamento, queimadura, obstrução, engasgo. E o pior é que a gente nem tem estes dados epidemiológicos corretamente. Estima-se aí que talvez mais de 3.000 crianças morram por asfixia, obstrução.


Confira a entrevista completa na edição de mai/jul/2024 da Revista Emergência.

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