Crédito: Isaac Almeida Correa

Análise técnica, tática e ambiental do uso do LGE no combate a incêndios no cerrado

Os incêndios florestais vêm aumentando, acompanhando o aquecimento global, com tendência de aumento no número de focos e da área queimada, exigindo o aperfeiçoamento das técnicas de combate. Além dos problemas ambientais já causados pelos incêndios florestais com 140 mil focos detectados, atingindo até 16% do cerrado anualmente, os gestores ambientais devem se preocupar com a potencial poluição causada pelo combate. Só os incêndios florestais em savanas tropicais emitem toneladas de carbono para a atmosfera anualmente, sem contar poluentes. No entanto, as espumas supressoras podem diminuir a emissão desses gases.

Agentes espumantes são retardadores de fogo de ação rápida que têm seus efeitos de redução da inflamabilidade diminuídos após a evaporação da água. Dessa forma, espumas supressoras contra incêndios florestais vêm sendo desenvolvidas para aumentar a eficiência e economia da água na extinção com garantias de segurança ambiental e ergonômica efetivas.

É necessária a regulamentação pelos órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) para o uso de aditivos químicos para prevenção e combate aos incêndios florestais. Mas, restrições ambientais têm impedido o uso de espumas no combate aos incêndios por carência de estudos garantidores da segurança ecológica. Entre eles, a toxicidade é um risco ambiental do LGE (Líquido Gerador de Espuma), pois supostamente ele pode impedir a renovação da vegetação, afetando o ecossistema.

A crescente frequência e severidade dos incêndios florestais têm estimulado o aperfeiçoamento das técnicas de combate a incêndios, a fim de diminuir a área afetada. A série histórica de atendimentos a incêndios florestais revela um aumento na área queimada e no número de ocorrências. Entre os produtos disponíveis para ajudar no combate aos incêndios florestais, as espumas apresentam menor toxicidade em geral. Porém, entre os impactos ecológicos das espumas supressoras de incêndios, algumas pesquisas sugerem que elas podem levar a declínios na riqueza de espécies, reduzir as taxas de germinação de sementes e causar mudanças a longo prazo nos ecossistemas, principalmente no solo e nas plantas.

O objetivo deste trabalho é avaliar o uso da espuma no combate aos incêndios florestais a partir de uma revisão na literatura sobre seus aspectos técnicos, táticos e ambientais e analisar experimentalmente a fitotoxicidade de um protótipo de LGE para espécies nativas do bioma cerrado.

EFICIÊNCIA DA ESPUMA
A espuma é o produto gerado pela mistura do LGE e da água em um sistema proporcionador de espuma que injeta ar nessa solução. Basicamente, o LGE é composto por um sabão, um surfactante e diluentes. Com isso, a espuma é formada por bolhas de ar que se mantêm devido ao tensoativo do LGE que diminui a tensão superficial da água. Sua capacidade de isolante térmico se deve à baixíssima condutividade térmica do ar.

A água é o agente extintor universal utilizado para deter a propagação do fogo. Quando enriquecida com o LGE, são potencializadas suas características extintoras. O extrato de espuma promove um aumento significativo na capacidade de penetração nos combustíveis florestais, reduzindo o risco de reignição.


Texto baseado no artigo: Espuma no combate aos incêndios e sua fitotoxicidade no cerrado, publicado na Revista Flammae, vol 6, n.15, ano 2020


Autor:

Michel Aquino de Souza – Bombeiro militar, combatente de incêndios florestais, biólogo e Mestre em Ciências Florestais
[email protected]


Confira o artigo completo na edição de mai/jul/23 da Revista Emergência.

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