Crédito: Beto Soares/Estúdio Boom

Os cuidados no uso das Auto Escadas Mecânicas para o salvamento e o combate ao incêndio seguros e efetivos

Segundo John A. Calderone, uma larga variedade de equipamentos foi desenvolvida durante a era das viaturas de tração animal que foram evoluindo até o desenvolvimento de posto de direção para um segundo motorista-operador na ré, permitindo essas longas unidades serem manobradas em cidades com trânsito congestionado.

O desenvolvimento de escadas mecânicas de madeira, que alcançavam mais de 85 pés, levou a AE (Auto Escada) um passo adiante. Em sua obra “The History of Fire Engines” Calderone expõe, na página 13, uma AE Hayes, ano 1886, que protegia a cidade de Lynchbur, na Virgínia, Estados Unidos, onde se vê claramente o posto de motorista-operador na ré. A primeira bem-sucedida AE de madeira foi patenteada por Daniel Hayes em 1868, originalmente requerendo diversos bombeiros para elevá-la manualmente, por meio de uma série de engrenagens e moitões, sendo que diversos mecanismos assistidos por molas foram desenvolvidos nos anos iniciais de 1900. Já a primeira plataforma, tipo torre de água, que entrou em serviço foi fabricada por John Hogan e Abner Greenleaf, em 1879. Consistia de um mastro de 15m com seções tubulares que tinham que ser unidas para alcançar a altura desejada.

O primeiro mecanismo propulsor de escadas por molas foi da Seagrave, de Columbus, Ohio, em 1902. Com o desenvolvimento de veículos a motor à combustão, muitas AE de madeira puxadas a cavalo foram adaptadas em chassis de veículos, como, por exemplo, em 1918, o modelo AC Tractor Mack Model, que motorizou uma escada Hayes de 85 pés (25,5 m) de comprimento. Também as plataformas, torres de combate, passaram a ser adaptadas em chassis de veículos de combustão, como, por exemplo, em 1917, a torre de combate construída pela Cia de Manufaturas Fire Extinguisher, em 1896, operando em Cincinnati.

Em 1916 surgiu uma escada operada por mecanismo de ar comprimido pela empresa Dahill. Ahrens-Fox, empresa bem conhecida por suas bombas a pistão, começou a produzir AEM (Auto Escada Mecânica) com 75 e 85 pés equipadas com esse sistema de elevação a ar comprimido, Dahill Hoist em 1923.

Na convenção anual de Fire Chiefs, em 1929, Mack Trucks introduziu uma AEM que era elevada e baixada por meio de uma tomada de força do próprio motor da viatura. Este tipo tornou-se padrão das AEM, com adições e modificações, nos próximos anos.

Nos Estados Unidos, a primeira AEM com lances metálicos foi produzida pela Pirsch, em 1935, com 100 pés, e tinha três lances, tendo sido adquirida pela cidade de Melrose, Massachusetts. Em 1938, a empresa American La France juntou-se a outras empresas, passando a oferecer AE com funcionamento hidráulico, e diferenciava-se de modelos concorrentes por ter quatro seções-lances, ao invés de três, permitindo ter menor comprimento quando recolhida, e que o assento do motorista-operador de ré ficasse permanentemente fixo.

No Museu dos Bombeiros de Rotterdam, na Holanda, há exemplares das primeiras escadas por lá fabricadas. Em 1926 já havia o modelo Metz em chassis Mercedes-Benz.

O uso da AEM

O uso de AEM pode ser necessário em várias situações em sinistros, mormente incêndios estruturais. No CBMRS (Corpo de bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul) há, pela cultura oral, duas correntes de pensamentos em relação ao emprego das AEM: a primeira é que sejam utilizadas apenas em casos reais de incêndio, e, logicamente, em treinamentos; a outra é no emprego de ocorrências não emergenciais, tais como remoção de fontes de perigo (árvores, painéis, etc.) e demonstrações em datas e locais festivos.

A primeira invoca a necessidade de preservação das AEM e redução das despesas de manutenção. A segunda estabelece que operando frequentemente os condutores escadeiros desenvolvem habilidades que são muito úteis em sinistros, mormente no salvamento de pessoas isoladas pelo fogo, além de conhecerem bem sua AEM e evitarem ações operativas em não conformidade com as especificações técnicas.
Salvo melhor juízo, tenho preferência pela segunda linha de ação, pois operando-as seguidamente as guarnições detectam possíveis panes que somente ocorreriam em momentos críticos, talvez, pondo em risco o sucesso da missão de salvar. Também evitam com esse conhecimento erros operativos que refletem na economia da manutenção, além de engrandecerem a instituição pelo cumprimento de missões que, embora não as principais dos bombeiros, também lhes são atribuídas pela legislação e pelo senso comum (ações de Defesa Civil).

Alguns dos empregos mais comuns das AEM incluem salvamento, proteção de prédios expostos ao incêndio, de outros adjacentes, ventilação e torre de água (ataque aéreo com jatos de água). Esses usos são denominados estratégias. A estratégia operacional escolhida depende de planejamento prévio, informação recebida antes de as unidades chegarem na área do incêndio e tamanho inicial do sinistro. Para alcançar com sucesso essa estratégia os bombeiros devem aplicar certas táticas.


Autor:

Sérgio Pastl – Coronel da Brigada Militar do RS, especialista em Bombeiros, em Defesa Civil, em Salvamento e Socorros de Urgência e professor na Academia de Bombeiros.
[email protected]


Confira o artigo completo na edição de fev/abr/23 da Revista Emergência.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!