Crédito: Divulgação Ascom SMS

Coordenadora-geral do SAMU SP fala da importância da qualificação e da sensibilidade do profissional do APH

Coordenadora-geral do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do município de São Paulo, a enfermeira Maísa Ferreira dos Santos não se contenta em gerenciar via fichários ou relatos. Sentir na pele o que as equipes enfrentam no seu dia a dia faz parte de sua forma de gerenciar desde o momento em que entrou no SAMU. “Para gerir com excelência eu saio junto com a equipe porque sempre acreditei que é preciso fazer uma supervisão in loco. Eu não posso fazer críticas só em cima do que eu vejo burocraticamente”, diz.

Gerente do serviço em um dos momentos mais delicados da história da saúde no país, Maísa também foi para a rua quando o SAMU São Paulo passou a atestar os óbitos por COVID-19 da população, o que lhe deu a percepção do que a comunidade e suas equipes estavam passando naquele momento crítico da pandemia. Ressaltando a importância da qualificação do serviço, a enfermeira também defende a prática da sensibilidade no APH (Atendimento Pré-Hospitalar), trazendo mais humanidade aos atendimentos. Veja a entrevista exclusiva com a coordenadora.

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência


PERFIL | MAÍSA FERREIRA DOS SANTOS

Técnica de Enfermagem formada, em 1978, pelo Colégio Estadual Carlos de Campos em São Paulo, Maísa Ferreira dos Santos completou a graduação em Enfermagem, em 1984, pela PUC SP. Especializada em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, além de outras especializações, atua há 37 anos na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, onde passou por diversos setores, como na Vigilância Epidemiológica, Autarquia Hospitalar Municipal e Centro de Formação dos Trabalhadores de Saúde. Foi coordenadora de Urgência e Emergência para Atenção Básica e pioneira em projetos de Educação em Primeiros Socorros para escolas do município de São Paulo. Atuou também como coordenadora Regional de Saúde. Aos 62 anos é a coordenadora do SAMU da cidade de São Paulo desde meados de 2019.


COMO INICIOU SEU INTERESSE PELA ÁREA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E ESPECIALMENTE PELO APH?

Eu me formei como técnica de Enfermagem, em 1978, e desde que iniciei o curso me dava muito bem na área de Emergência. Na graduação em Enfermagem, optei pela habilitação em Saúde Pública e quando saí da faculdade fui trabalhar na área da saúde da mulher. Quando eu fiz o concurso e entrei na Prefeitura de São Paulo, fui trabalhar na inauguração de um posto em uma região carente da cidade, o que me deu ainda mais contato com a realidade da população e acrescentou muito na minha formação em Saúde Pública. Mas, desde aquela época, há mais de 35 anos, as questões de emergência já apareciam fortemente para mim. Lembro de uma ocasião em que tive que colocar um paciente no meu carro, pois não havia ambulância disponível naquela época, e levar para o hospital. E eu sempre tive essa atitude, me deixa fascinada poder fazer o bem para o outro. Então, mesmo trabalhando na Saúde Pública, a emergência me fascinava. Com o passar dos anos, fiz os cursos LS (Life Support) e atuei nas áreas de ATLS (Suporte de Vida Avançado no Trauma) e PHLTS (curso de atendimento pré-hospitalar) e fiquei deslumbrada com toda aquela informação e sistematização da assistência. Foi aí que surgiu uma oportunidade de trabalhar como gerente de base do SAMU São Paulo e como eu sempre tinha que estar complementando a renda, aceitei, e saí da atenção básica, até porque eu estava fazendo esses cursos de LS para aprender mais. E foi muito interessante, porque para gerenciar melhor eu colocava o uniforme e saía junto com a equipe, pois a gente conseguia fazer discussões técnicas desta forma. Em 2000, passei no concurso para o Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências (GRAU), da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, e comecei a trabalhar lá. Foram 17 anos nesse serviço e foi uma experiência incrível, principalmente, com relação à disciplina, pois o militar traz bons ensinamentos para o profissional da saúde. Ali, eu tive oportunidade de trabalhar com ocorrências muito graves de diversos tipos em vários lugares da cidade. Assim, fui realizando os trabalhos concomitantemente até que consegui ser comissionada para trabalhar no SAMU SP, trazendo também o meu vínculo do Estado. Hoje, tenho dedicação exclusiva no SAMU e acredito que não poderia ser diferente, já que é um trabalho muito complexo e precisa ter um gestor com dedicação exclusiva para se empenhar e melhorar o serviço.

RECENTEMENTE FOI REALIZADO UM DEBATE SOBRE A DEFASAGEM FINANCEIRA QUE AFETA OS SERVIÇOS DO SAMU NO PAÍS. O SAMU SP TEM SENTIDO ESSA DEFASAGEM TAMBÉM? O QUE TEM SIDO FEITO PARA ENFRENTÁ-LA?

O SAMU está inserido dentro do SUS, por isso os desafios são constantes. O SAMU recebe o recurso do Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal da Saúde complementa o orçamento que é destinado ao SAMU. Eu trabalho com base neste orçamento para ter uma boa execução desse recurso e fazer todo o planejamento que o serviço precisa.


Confira a entrevista completa na edição de nov/22 / jan/23 da Revista Emergência.

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