Crédito: Yumi Tokuhisa

Especialista em incêndio e emergências médicas fala sobre a realidade das áreas no Brasil

Uma ocorrência de incêndio que vitimou três crianças foi o gatilho para o especialista em emergências, João José de Godoi, ingressar na área. A ocorrência fez com que ele se interessasse pelo curso de Bombeiro Civil e se formasse em 1997. Na sequência, não parou mais e buscou especializações em incêndios florestais, além de participar do debate de normas técnicas no setor.
No caminho, ouviu também o chamado para a área de emergências médicas, tornando-se enfermeiro aeromédico. Toda essa formação, deu bagagem ainda para ser instrutor, formando profissionais nas áreas de emergências médicas e incêndio. Nesta entrevista, Godoi fala sobre a realidade dos incêndios florestais no país, das emergências médicas, da categoria de bombeiro civil, da capacitação dos emergencistas e das ocorrências marcantes em que atuou dentro e fora do Brasil.

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência


Perfil | João José de Godoi

Graduado em Enfermagem pela Universidade Camilo Castelo Branco (atual Universidade Brasil), Godoi é pós-graduado em Urgência e Emergência, em Enfermagem Aeroespacial, em Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e especialista em Emergências pela Universidade do Texas A&M University System, dos Estados Unidos. Também possui curso de Bombeiro Civil e de Técnico em Segurança no Trabalho. É Enfermeiro Coordenador da equipe aeromédica, da Base Operacional no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo/SP, Diretor do Centro de Treinamento em Emergências – CFAB e membro do CB-024 (Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio), da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).


Por que e como iniciou seu interesse pela área de urgência e emergência e de incêndio?

Quando eu tinha 13 anos ocorreu um incêndio na rua onde eu morava. Eu fui o primeiro a chegar, pois a casa em chamas ficava a 40 metros da minha casa. Juntamente com outros vizinhos tentamos jogar baldes, porém as portas e janelas estavam trancadas, e não tínhamos nenhuma experiência. Havia três crianças na casa fechada. Foi então que um dos vizinhos chutou com força a porta e tentou entrar, porém uma coluna de fumaça densa impedia a entrada. Após algumas tentativas, ele colocou um pano sobre a boca e o nariz e entrou, saindo logo em seguida com a primeira criança de aproximadamente um ano. Na sequência, resgatou a segunda que aparentava três anos e em seguida a primeira equipe de bombeiros chegou e retirou a terceira de quatro anos. No entanto, todas foram a óbito e aquilo para mim foi marcante demais. Quando fui incen­tivado por um amigo sobre o curso de Bombeiro Civil me interessei, pois sempre tive curiosidade e interesse pela ciência do fogo, além de ter ficado inconformado com esta ocorrência pela qual passei. Ingressei no curso, me formei como Bombeiro Civil, em 1997, e meu primeiro trabalho foi em um shopping que tinha um histórico de um grande incêndio no cinema em outubro de 1994. Ali que notei o tamanho da minha responsabilidade. Mesmo que houvesse mais bombeiros no plantão e um ambulatório com uma técnica de enfermagem, havia muitas pessoas entre clientes e lojistas, então eu sabia que teria que estar preparado, não apenas para incêndio, explosão ou colapso de estruturas, mas também para atendimento às emergências médicas. E eu não estava enganado, pois tive essa certeza quando realizei meu primeiro atendimento de maior complexidade até aquele momento. Foi quando uma vendedora de uma das lojas encontrava-se caída, inconsciente e cianótica. Fui acionado pela central do shopping e ao chegar ao local, após uma análise, iniciei os procedimentos de suporte básico de vida, enquanto aguardava a equipe de remoção. A vendedora foi encaminhada ao pronto atendimento onde permaneceu por alguns dias sob cuidados médicos. Após a recuperação e retorno ao trabalho a lojista agradeceu pelo atendimento prestado pela equipe e ratificou, segundo os relatos médicos, a importância do atendimento extra-hospitalar. A partir desse episódio eu me dediquei mais ao aprendizado acerca das emergências médicas e, após alguns anos, me tornei enfermeiro.


Confira a entrevista completa na edição de fev/abr/23 da Revista Emergência.

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