Crédito: Reprodução/TV Globo

Fonte: G1

O Ministério Público de São Paulo solicitou que a Prefeitura de São Paulo apresente um plano de redução de riscos, com medidas estruturantes no curto, médio e longo prazo para combater os “graves problemas de enchentes e inundações na cidade”.

Na ação civil publica também é citado uma ocupação irregular de área municipal na Rua Gaivota, em Moema, onde Nayde Pereira Capelano, de 88 anos, morreu após ter o carro submerso durante a enchente de quarta (8).

“Em razão do trágico evento que vitimou uma pessoa na tarde do dia 8 de março, foram requisitadas informações da Defesa Civil quanto à falta de adoção de medidas preventivas (…) e do senhor prefeito quanto às soluções técnicas implementadas na região”.

Nesta quarta, o Tribunal de Contas do Munício também cobrou da gestão municipal as ações de combate.

O bairro nobre de Moema, na Zona Sul de São Paulo — o mais atingido pela chuva dos últimos dias está mais propenso a sofrer com alagamentos por estar em uma área de várzea, ou seja, com muitas nascentes e córregos, a maioria canalizada.

Além disso, a região está em uma área baixa em comparação com seus arredores, segundo informações do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE).

Moema foi o bairro mais atingido pela chuva na capital:

  • As alamedas dos Jurupis e Jauaperi ficaram alagadas. Carros boiaram, foram arrastados e até colidiram entre si com a força da água;
  • Somente em Moema choveu 67,2 mm de água;
  • No mês de março, a expectativa é de 177,6 mm em toda a cidade;
  • Em Moema, na quarta, choveu 38% da média esperada para o mês inteiro.

Como ocorre um alagamento?

Segundo o CGE, em situações de chuvas fortes como a de ontem, a água escorre de outros locais para o bairro e encontra as águas endêmicas da região, o que sobrecarrega o sistema de águas pluviais — uma infraestrutura que é projetada para coletar e remanejar o excesso de água da chuva, para evitar enchentes.

Quando o sistema é sobrecarregado, acaba provocando o alagamento.

Morte de idosa

Nayde Pereira Capelano, de 88 anos, morreu no alagamento na Rua Gaivota. O carro dela ficou submerso durante a forte chuva que atingiu a capital paulista. Os bombeiros foram acionados e tentaram reanimar a mulher, mas não conseguiram. A vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória.

Segundo a Polícia Militar, Nayde perdeu o controle do veículo, bateu em uma árvore e ficou presa na enxurrada. Conforme apurado pela TV Globo, a mulher tinha saído para buscar remédios em um posto de saúde.

Quando começou a chover, ela encostou em um posto de combustíveis para aguardar a chuva diminuir. Depois de um tempo esperando, ela decidiu continuar o trajeto para casa e passou por um local que estava alagado. Nayde não conseguiu fazer o retorno e nem sair do veículo.

Em relato para o registro da ocorrência, uma neta de Nayde contou que, apesar da idade avançada, a avó era muito ativa e “dirigia pra cima e pra baixo”.

Na noite de quinta (8), a neta de Nayde disse em uma rede social que existe um muro entre as ruas Gaivota — onde a avó ficou presa — e Canário, construído por dois prédios. Segundo ela, esse muro impede o escoamento de água da região em dias de chuva.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), “foram solicitados exames periciais ao IC e ao IML”. O caso foi registrado como “morte suspeita” no 27º Distrito Policial (Campo Belo).

“Os carros estavam boiando”

Uma mulher que trabalha como porteira em um prédio na rua disse que presenciou o momento do ocorrido.

“Os carros estavam boiando aqui, e o pessoal dentro. A gente não conseguiu salvar as pessoas e nem a senhora que morreu no carro. Ela batia muito no vidro tentando sair e ninguém conseguia ajudar”, disse.

A mulher ainda destacou que esse tipo de situação é frequente no local.

“Já aconteceu isso várias vezes. Eu já salvei muita gente afogada aqui dentro do carro. Eu amarrei aquelas mangueiras de bombeiros para ajudar as pessoas aqui porque, toda vez que chove, acontece isso”, contou.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que “o Córrego Uberabinha está canalizado há pelo menos 50 anos, mas em parceria com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) da USP, a pasta publicou o Caderno de Drenagem referente a esse córrego. É um estudo que mostra a atual situação da bacia hidrográfica e quais as ações podem ser tomadas pelo poder público para mitigar os pontos críticos”.

Disse também que está trabalhando na elaboração da licitação para as obras do “Reservatório do Córrego Paraguai-Éguas. Ele será construído na Praça Juca Mulato”.

A Prefeitura disse ainda que existe um cronograma de limpeza manual de bueiros em locais sensíveis a alagamentos, que recebem o serviço no mínimo uma vez por semana, além da limpeza imediata após alagamentos. Em Moema, de 1º de fevereiro até 7 de março, as Avenidas Ibirapuera e Ibijaú, Rua Gaivota e Praça Mário Pontes Alves tiveram seus bueiros limpos 239 vezes.

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