Data: 09/02/2011 / Fonte: Revista Emergência

Foto: Cap. Manoel Venâncio/CBMERJ

Foi com o anúncio de três bombeiros mortos, na manhã de 12 de janeiro, que o oitavo maior deslizamento de terra da história mundial foi apresentado ao Brasil. Chamados para atender a possíveis vítimas das chuvas, os militares de Nova Friburgo/RJ foram atingidos ainda dentro do veículo por um dos tantos escorregamentos que transformou a antes turística região serrana do Rio de Janeiro em córregos de lama e entulhos.

O que parecia ser um desastre para a corporação, viria a se transformar em uma catástrofe nacional – possivelmente, a maior já registrada no país. Desde o princípio, a tragédia de janeiro de 2011 foi mais intensa que a de janeiros anteriores.
Se em Angra dos Reis/RJ, em 2010, foram 53 mortos, estimativas na serra fluminense superam as mil vítimas fatais (eram 832 confirmadas em 26 de janeiro). Não por acaso, o desastre entrou para o ranking das Nações Unidas dos piores deslizamentos do mundo em 111 anos, atingindo ao menos seis cidades, com maiores danos em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Entre desabrigados e desalojados, 30 mil pessoas deixaram suas casas.

Nem todos os mortos terão uma despedida tradicional. Quando o número de óbitos batia na casa dos 700, passada uma semana da tragédia, o Ministério Público do Rio de Janeiro divulgava uma lista com quase 400 pessoas desaparecidas. Nos dias seguintes, viu-se reduzir o ritmo de corpos localizados, o que desesperançou familiares.

“O número de mortos só não será maior porque muitas pessoas não serão encontradas. Já no primeiro dia de buscas, houve casos em que encontramos apenas partes de corpos”, comenta o resgatista Gabriel Rossi Ghiggino.

Não se pode atribuir o infortúnio às equipes de resgate. Conforme o coronel Pedro Machado, comandante-geral do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro), mesmo com os mapas não mais correspondendo à realidade local, os bombeiros conseguiram acessar todas as zonas atingidas, muitas vezes, abrindo trilhas e utilizando equipamentos manuais, como pás e enxadas.

Já o superintendente operacional do CBMERJ, coronel Luis Guilherme Ferreira dos Santos, destaca a colaboração da população, de guias turísticos, montanhistas, trilheiros e motociclistas no fornecimento de dados e na indicação de caminhos aos locais de difícil acesso. Ele também refere a participação fundamental de radioamadores ao viabilizarem o contato da sede da corporação com algumas áreas afetadas.

A união de forças foi, sem dúvida, fundamental para prestar atendimento aos atingidos pela catástrofe. Bombeiros foram enviados de corporações de diferentes estados e da Força Nacional de Segurança Pública. Defesa Civil, Exército, Marinha, Aeronáutica, Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras, organizações voluntárias e profissionais de serviços de saúde integraram ações de resposta.

A assistência humanitária contou ainda com Hospitais de Campanha para atendimentos clínicos, traumáticos, cirúrgicos, pediátricos e odontológicos. Em Friburgo, a unidade instalada pela Marinha realizou 2.205 atendimentos. Em Petrópolis, a Aeronáutica atendeu mais de 1.900 pacientes. As estruturas foram desmobilizadas em 25 de janeiro com o restabelecimento do sistema de saúde local.

Confira a reportagem na íntegra na Edição nº25 fevereiro/março da Revista Emergência.

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