Crédito: Luiz Henrique Machado/Governo do Tocantins

Por Paula Barcellos / Editora e Jornalista da Revista Emergência

Este mês o CBMTO (Corpo de Bombeiros Militares do Tocantins) está em festa. A corporação completa 30 anos de crescimento e conquistas. Inicialmente, com um efetivo de 62 militares, a corporação foi gradativamente aumentando o contingente à medida que ampliava as áreas de atuação. Atualmente, são mais de 600 militares divididos nas dez unidades da corporação, distribuídas em oito municípios do Estado, além do Quartel do Comando Geral, que atuam no combate a incêndio urbano e florestal, salvamento aquático e terrestre, atendimento pré-hospitalar e na prevenção de acidentes e contam com 185 viaturas.

Ao longo deste ano foram realizadas várias ações em comemoração aos 30 anos do CBMTO, e, no último dia 14, foi realizada uma cerimônia comemorativa, com entrega de comendas e inauguração de um monumento dos 30 anos, além da formatura de 90 soldados.

Legenda: Coronel Farias na cerimônia do dia 14 de dezembro.| Crédito: Luiz Henrique Machado/Governo do Tocantins

“Estamos completando 30 anos. Ao olhar para trás, podemos perceber como o CBMTO cresceu em efetivo, viaturas, equipamentos e unidades. Mas ainda temos muito que crescer! Como somos uma corporação nova, a maior dificuldade enfrentada pelo CBMTO ainda é a defasagem com relação ao efetivo. Com pouco mais de 600 militares na ativa, estamos com um déficit de mais de mil militares com relação ao efetivo previsto em lei”, diz o coronel Carlos Eduardo de Souza Farias, comandante-geral do CBMTO, Secretário de Estado e coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Tocantins. Embora exista o déficit, o coronel disse que houve a inclusão de 90 soldados e 22 cadetes, ainda em 2022. “E estamos com um concurso já autorizado para 2023, contemplando vagas para oficiais e praças”, diz.

Apesar de estar presente em apenas oito dos 139 municípios do estado, o comandante diz que a corporação abrange grande parte dos cidadãos. “Atualmente, o contingente populacional dos municípios-sede das nossas unidades equivale a cerca de 50% da população tocantinense. E com relação à atuação do CBMTO, conseguimos alcançar cerca de 70% dos habitantes do Estado. Mas, se levarmos em conta a formação de brigadas de incêndio, os serviços técnicos, a atuação em incêndios florestais e o atendimento a enchentes, por exemplo, além da formação e capacitação, nós conseguimos alcançar o Tocantins em sua totalidade”, avalia o comandante. 

META

Legenda: Coronel Farias chega para visita às obras de construção da nova sede do QCG-CBMTO.| Crédito: Luiz Henrique Machado/Governo do Tocantins

No entanto, a meta é expandir estes números. “Com relação a metas e perspectivas, a intenção do CBMTO é alcançar a maior fatia da população possível. Então, com expansão prevista, em médio prazo, para mais quatro municípios, pretende-se aumentar o alcance da corporação, de cerca de 50% para até 80% da população de forma direta. E indiretamente estar mais próximo dos 100% da sociedade tocantinense”, almeja o coronel Farias.

A entrega de novas unidades e recursos materiais também faz parte dos planos. “Vamos inaugurar, no início de 2023, uma nova sede para o Quartel do Comando Geral, idealizada e adequada para esse fim. Da mesma forma, entregaremos nossa 1ª unidade operacional modelo, a Companhia de Porto Nacional, sendo que a construção da sede da Companhia de Paraíso já está autorizada. Em outra vertente de crescimento, temos a aquisição de viaturas e equipamentos, por meio de recursos próprios e convênios”.

COMUNIDADE

O trabalho com a comunidade faz parte das atividades do CBMTO. Um deles é o projeto Proebom (Bombeiro Mirim), criado em 2017. Ele tem a proposta de ensinar meninos e meninas, com idades entre 12 e 14 anos, sobre a base da organização militar, como hierarquia, disciplina e a prática no cotidiano das atividades. Além disso, estimula o desejo de aprimorar os conhecimentos sobre temas importantes da vida cotidiana, como noção de primeiros socorros, saúde, doenças infectocontagiosas, acidentes domésticos, meio ambiente, cidadania, educação no trânsito, e outros. O projeto iniciou no município de Gurupi, que hoje está na sétima turma, sendo formados mais de 300 adolescentes no programa. Atualmente, o programa está com turmas ativas nas cidades de Palmas, Gurupi e Araguaína. Devido à pandemia, o programa ficou sem atividades nos anos de 2020 e 2021, retornando em 2022 com essas três turmas. 

OCORRÊNCIAS MARCANTES

Durante esses 30 anos, muitas ocorrências marcaram o trabalho da corporação. Uma delas aconteceu, em 1995, quando barracos na antiga Vila União, hoje área norte da capital, foram atingidos por um incêndio de grandes proporções. “Não tínhamos veículos, nem equipamentos adequados para combater incêndio, mas não poderíamos deixar de atender à demanda”, contou coronel Abreu, um dos integrantes da operação.

Historicamente, esse foi o primeiro incêndio de maiores proporções já ocorrido em Palmas e um dos fatores propagadores foi o material utilizado na construção da maioria das casas, tendo como base madeira e lona plástica. “Nossa maior missão foi retirar as pessoas das residências, além de derrubar barracões próximos aos incêndios. Para controlar o fogo, retiramos os botijões de gás. Como não tínhamos roupas adequadas, mergulhávamos em galões grandes de água, antes de entrar em local com chamas. Mesmo assim, ainda saí com o cabelo e algumas partes do corpo queimadas”, relembra Abreu.

Mesmo essa ocorrência não tendo resultado em mortes, Abreu guarda tristes lembranças daquele dia. “O que conseguimos resgatar foi muito pouco para aquelas famílias que já não tinham quase nada. Principalmente, devido ao fato de uma ventania haver tomado conta do local. Mesmo com o conhecimento técnico, não pudemos fazer muito”.

A Corporação também destaca uma ocorrência delicada, que demorou mais de 12 horas para ser finalizada. Por volta das 17h do dia 27 de outubro de 2015, Rodiney Ribeiro, piloto, e Ramires Arco Galvão, aprendiz,  caíram de uma altura de 50 metros do mirante da Serra de Lajeado, na antiga pista que dava acesso a Aparecida do Rio Negro.  Os dois saíram para realizar um vôo panorâmico de parapente, mas, no momento da decolagem, um deslocamento de ar desestabilizou o velame do parapente e eles caíram.

Legenda: Bombeiro Militar em Instrução de Rapel com alunos do Colégio Cívico Militar.| Crédito: Luiz Henrique Machado/Governo do Tocantins

Os bombeiros foram acionados por volta das 18h, mas ao chegarem ao local encontraram dificuldades no resgate. O relevo acidentado e a falta de iluminação devido ao período noturno dificultaram a operação. Para socorrer as vítimas, os militares empregaram atividades de salvamento em altura e tiveram que descer a serra de rapel. Ao todo, 15 bombeiros da 1ª Cia de Palmas, da 2ª Cia. de Taquaralto e da 6ª Companhia de Busca e Salvamento atuaram na ocorrência.

Uma das vítimas apresentava possíveis lesões e fratura na perna esquerda e lesão nas costelas, além de sinais de hemorragia interna. A outra vítima, possível luxação no tornozelo e joelho esquerdo, sinais de hemorragia interna e fratura na pélvis. Durante o resgate, as vítimas tiveram uma queda nos sinais vitais e um médico do SAMU foi acionado. “A operação durou cerca de 12 horas devido à grande complexidade do salvamento. O trabalho foi exaustivo e muito fatigante, mas a equipe se empenhou ao máximo”, explicou o major Rafael Cruvinel, que coordenou a operação.

HISTÓRICO DO CBMTO

O Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins iniciou suas atividades como 1ª CIBM (Companhia Independente de Bombeiros), criada por meio de Decreto (6.676/92), em dezembro de 1992. À época, possuía uma estrutura pequena e ligada, organicamente, à Polícia Militar do Tocantins, com atuação apenas nas áreas de combate a incêndios urbanos e salvamento.

Em 1994, a 1ª CIBM ampliou seu efetivo e formou sua primeira turma de soldados bombeiros do Estado, com 49 formandos. A Companhia possuía agora um efetivo de 62 homens e um número reduzido de graduados, sendo apenas dois oficiais.

Ainda em 1994, a convite da Prefeitura da capital, o Corpo de Bombeiros iniciou o serviço de salvamento aquático. A unidade contava somente com um barco de cinco metros e não possuía qualquer tipo de equipamento autônomo para mergulho. Mas em 1996, adquiriu 13 embarcações, o que possibilitou atender várias cidades turísticas, especialmente durante a temporada de praias, que ocorre no mês de julho. Também foram adquiridos equipamentos de mergulho autônomo para o desempenho das atividades de busca de cadáveres e bens submersos.

Em 1995, foi criada a Seção Técnica, responsável pela análise de projetos e vistorias de edificações.

Com a implantação do Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal (Proarco), em 1998, o Corpo de Bombeiros do Tocantins passou a operar na formação de brigadistas, além de realizar o trabalho de combate a incêndios em áreas rurais e de preservação ambiental.

Em outubro de 2000, a sede da 1ª Companhia Independente de Bombeiros foi transferida, provisoriamente, para algumas salas disponibilizadas nas instalações do então aeroporto de Palmas. Um ano após, com a inauguração do Aeroporto Internacional Brigadeiro Lysias Rodrigues, as instalações passaram a abrigar definitivamente a sede do Corpo de Bombeiros da Capital.

No mesmo ano, com recursos da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), foram adquiridos os primeiros veículos do Corpo de Bombeiros do Tocantins, sendo: três caminhões ABT (Auto Bomba Tanque), três furgões para resgates e três para salvamentos.

Legenda: Tradicional entre os militares, corporação realiza prova Bombeiro de Aço.| Crédito: Luiz Henrique Machado/Governo do Tocantins

Em 2004, a 1ª Companhia Independente de Bombeiros foi transformada em 1º Batalhão de Bombeiros Militar (1°BBM), conforme Decreto Lei nº 2013, quando também foi criado o quadro específico de Bombeiros Militares, dando oportunidade aos seus componentes de concorrer a promoções em seus respectivos quadros.

O 1º BBM foi instalado no ano seguinte (2005) pelo comandante-geral da PMTO, juntamente com suas respectivas companhias, sendo duas em Palmas, a 1ª CIA na região central da capital e a 2ª CIA em Taquaralto, uma em Araguaína (3ª CIA) e outra em Gurupi (4ª CIA). A capital, Palmas, conta atualmente com quatro companhias.

A 3ª CIA, de Araguaína, foi, posteriormente, transformada em Batalhão, sendo o 2º BBM, com companhias sediadas nas cidades de Araguaína, Araguatins e Colinas, e a 4ª CIA, localizada na cidade de Gurupi, se transformou em 3º BBM e é responsável por duas companhias, sendo uma em Gurupi e outra em Dianópolis.


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