Medidas de Segurança para atendimento à pacientes infectados pelo coronavírus

Alguns colegas têm entrado em contato me questionando sobre os protocolos e medidas de precaução que estão sendo utilizadas no atendimento as vítimas infectadas pelo novo coranavírus, desta forma resolvi abordar esse assunto direcionado em especial aos respondedores de emergência.

Podemos dizer que algumas pessoas se infectam com os coronavírus comuns ao longo da sua vida, só que atualmente esta doença está sendo causada por um coronavírus recém-identificado (2019-nCoV), e a preocupação maior gira em torno dele pertencer à mesma família dos vírus que causam a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), os quais podem causar doenças graves com impacto significativo em termos de saúde pública mundial.

Os vírus da SARS-CoV, MERS-CoV e 2019-nCoV são da subfamília Betacoronavírus que infectam somente mamíferos, só que são altamente patogênicos e responsáveis por causarem síndromes respiratória e gastrointestinal.

Sabemos que o novo coronavírus é transmitido através das gotículas de saliva, do espirro, da tosse, pelo catarro e pelo contato com objetos e/ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a mucosa, boca, nariz ou olhos.

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos visando minimizar o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas podemos destacar:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabão, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool;
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos “sujas”;
  • Evitar proximidade com pessoas doentes;
  • Ficar em casa quando estiver doente, evitar sempre que possível local de reunião de pessoas;
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, de preferência usando lenço descartável;
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) não fez até o momento nenhuma recomendação quanto a uso de equipamentos de proteção individual (EPI), incluindo respiradores, pelo público em geral, publicou sim orientações destinadas a profissionais de saúde e equipes que trabalham na prevenção e controle de infecções e atendimento a pacientes. Desta forma recomendou a este público, seguirem as medidas de biossegurança padrão, incluindo uso de máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção quando houver risco de contato e de exposição a gotículas. Já nos procedimentos que possam gerar aerossolização de secreções respiratórias tais como: intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado ainda proteção contra exposição a aerossóis, com uso de máscara N95 (respirador descartável PFF2), óculos de segurança em conjunto com protetor facial e avental impermeável.

As máscaras cirúrgicas podem ajudar na proteção contra a exposição a micro-organismos, fluidos corporais e partículas de dimensões aerodinâmicas grandes, são projetadas para cobrir a boca e o nariz sem muito ajuste, não sendo desta forma dimensionadas para encaixe individual. Podem ajudar a evitar a exposição dos pacientes à saliva e às secreções respiratórias de quem as usa. Já o respirador N-95 é aprovado pelo National Institute for Occupational Safety and Health sendo equivalente ao respirador descartável PFF2 o qual é indicado para trabalhadores expostos a ambientes contaminados por aerossóis, sendo que sua capacidade de filtração e resistência a materiais particulados pode chega a 95% de eficiência para partículas maiores que 0,3µm.

Hoje já contamos com protocolos de biossegurança para atendimento a infectados conforme cada etapa de atendimento, mas atenção especial deve ser dada ao profissional responsável pela coleta de amostras respiratórias. O coronavírus e um agente infeccioso classificado como nível de biossegurança 2 (NB2) e o seu diagnóstico deve ser feito em um Laboratório NB2, com aporte de uma cabine de segurança Classe II e devem ser executadas por profissionais com treinamentos específicos para a realização desses exames.

Algumas unidades de bombeiros estavam utilizando como protocolo para atendimento a pacientes infectados pelo 2019-nCoV os protocolos já treinados e procedimentados para infectados pelo vírus Ebola, os quais são bem mais rígidos, estava previsto inclusive a utilização de 2 a 3 luvas sobrepostas, macacão impermeável com utilização de avental descartável, botas químicas integradas ao traje ou não, mas com uso proteção por sobre as mesmas (pro-pé), respirador descartável PFF2 e em alguns casos purificador de ar motorizado, e capuz de proteção com proteção facial acoplado.

É importante lembrar que quando do transporte do paciente, sempre que possível deve-se melhorar a ventilação do veículo de forma a aumentar a renovação de ar e evitar manipulações desnecessárias objetivando minimizar a possibilidade de contaminação da equipe bem como dos equipamentos e materiais utilizados.

Lembro a TODOS que nossa missão como profissionais de emergência e formadores de opinião é de orientar e alertar, mas de forma consciente e responsável, visando não gerarmos pânico e instalarmos o caos.


O blog Emergência em Pauta trata do gerenciamento de emergências e segurança contra Incêndio e Pânico. O autor do blog é Marco Aurélio Nunes da Rocha, Técnico em Segurança e em Emergências Médicas. Graduado em Segurança e Pós-Graduado em Gerenciamento de Emergências e Desastres, em Segurança e Higiene Ocupacional, em Toxicologia Geral e em Segurança contra Incêndio e Pânico. Especialista em Urgência e Emergência Pré-hospitalar. Professor de cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia de Prevenção e Combate a Incêndios, Defesa Civil, Gestão de Emergências e Desastres e em APH Tático. Membro da International Association of Emergency Managers (AEM/USA). Diretor do SINDITEST/RS.
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