Vamos falar de coisas boas, a saúde mental agradece

É do conhecimento de todos que uma mesma notícia pode ser apresentada de diferentes maneiras, mesmo mantendo a fidelidade aos dados ou informações. Podem ser otimistas ou pessimistas de acordo com a forma como são apresentadas em função da mensagem que se pretende passar. Como a mídia, de uma maneira geral, com algumas exceções, vem apresentando os dados da pandemia de forma muito assustadora nos últimos meses, quero falar hoje das coisas boas que os novos números nos trazem sobre a situação atual da Covid-19 em nosso país. É preciso elevar a moral das pessoas e dar um pouco de otimismo e esperança nestes tempos estranhos; perdemos várias batalhas mas estamos ganhando a guerra. Vamos a algumas manchetes dos últimos dias.

Exame.com, 01.09.2020 – “Novo relatório da Imperial College aponta que a taxa de transmissão do novo coronavírus no Brasil é a menor desde abril. A taxa de transmissão do novo coronavírus no Brasil apresentou uma queda de acordo com o último relatório divulgado pelo Imperial College, na Inglaterra. A taxa (Rt) caiu de 1 para 0,94”. Vale lembrar que no dia 26 de abril, a taxa era de 2,81. Isso significa que, naquela data, cada 100 pessoas infectadas poderiam transmitir o vírus para outras 281 e hoje cada 100 podem transmitir para outras 94. Trata-se de uma redução importante o que diminui a probabilidade de novos indivíduos serem contaminados.

SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 03.09.2020 – “Classes C e D voltam a consumir no nível pré-Covid. Os brasileiros que fazem parte das classes C e D, com renda mensal entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, voltaram ao nível de consumo que tinham antes do início do período de quarentena. É o que aponta pesquisa feita pela Superdigital, fintech do Santander voltada à inclusão financeira”. Sinal de retomada da economia e uma luz no fim do túnel para a redução das altas taxas de desemprego. Houve uma redução importante do nível de desigualdade social com o pagamento do auxílio emergencial, em valores e abrangência jamais vistos na história do país.

O Globo, 05.09.2020 – “Brasil entra, pela primeira vez, em tendência de queda nas mortes por Covid-19. Com média móvel de 819 óbitos, país tem redução de 17% em relação a duas semanas atrás”.

G1.Globo.coronavirus, 06.09.2020 – São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados mais atingidos pela pandemia no Brasil, vêm registrando queda consistente no número de óbitos. São Paulo apresentou nesta semana, média móvel de 46 óbitos (pico foi de 179 em 23 de junho) e o Rio de Janeiro, média móvel de 38 óbitos (pico foi de 227 em 03 de junho). São dados bastante otimistas da regressão da pandemia no país.

O Globo, 07.09.2020 – “Brasil registra 315 mortes por Covid-19, menor número desde maio, aponta consórcio de veículos de imprensa no boletim das 20h. Média móvel de 784 óbitos causados pelo novo coronavírus é a menor há 112 dias”.

Mas as boas notícias não são somente em relação à menor atividade do vírus; a resposta do sistema de saúde também tem sido importante. Leitos de UTI e alas inteiras nos hospitais estão sendo fechados e a maioria dos hospitais de campanha está sendo desativada, por falta, felizmente, de pacientes de Covid. Os médicos foram aprendendo como melhor tratar os pacientes da doença com as experiências do dia a dia e a enorme quantidade de doentes graves. Cada vez menos os pacientes têm sido entubados, técnica substituída por outros procedimentos menos invasivos e mais eficientes. Os protocolos de medicamentos utilizados também são bem melhores do que aqueles utilizados no início da pandemia. Com isso as taxas de letalidade também caíram e segundo dados da Worldometer de 08.09.2020, já são 3.355.564 pessoas no Brasil que retornaram para as suas casas curadas, para alegria dos seus familiares. Como disse em outro artigo, vamos lamentar os mortos e nos solidarizar com a dor das famílias que perderam entes queridos, mas vamos também comemorar os milhões de vidas salvas graças ao trabalho incessante e heroico das equipes de saúde, que colocaram as suas vidas em risco para salvar a de outras pessoas.

E para finalizar a visão otimista, vamos falar das vacinas. Nunca na história da humanidade os cientistas trabalharam tão rápido no desenvolvimento de vacinas para uma doença. É claro que temos que considerar toda a tecnologia que está disponível para facilitar e acelerar qualquer atividade humana nos dias atuais. E nesse ponto temos também que agradecer aos profissionais de TI e a tantos outros profissionais que, através dos seus estudos e pesquisas, fazem o mundo avançar. No inicio da pandemia, falava-se em quatro anos no mínimo para ter uma vacina disponível contra a Covid-19. Com pouco mais de seis meses já temos uma centena em testes e algumas já quase prontas para a vacinação em massa das populações em todo o mundo.

Mas apesar de todos esses avanços, não podemos nos esquecer de que o vírus ainda está circulando no país e que muito da sua dinâmica de ação ainda é desconhecida dos especialistas. Também não sabemos se alguém é 100% imune ao vírus por algum fator genético, ou parcialmente a ponto de adquirir a doença na forma branda e se esta, uma vez instalada, será prontamente debelada pelo nosso sistema imunológico ou se evoluirá para uma situação grave. Portanto a exposição desnecessária ao vírus é quase uma roleta russa. E com as vacinas quase prontas para imunizar a todos, não vale a pena morrer na praia. Agora mais do que nunca é necessário se prevenir, falta pouco para o pesadelo de 2020 acabar. Proteja-se.


O blog Proteja-se trata de segurança humana de uma forma geral, pois nenhum sistema de proteção civil do mundo consegue garantir a total segurança do indivíduo sem que o mesmo adote procedimentos de autoproteção. O blog quer ajudar a desenvolver no Brasil a cultura da autoproteção. O autor do blog é Airton Bodstein, Doutor em Química Ambiental pela Université de Rennes I, França e Pós-doutorado na Oregon State University, EUA. Fundador do Mestrado em Defesa e Segurança Civil e Professor Titular da Universidade Federal Fluminense. Fundador e atual Presidente da ABRRD – Associação Brasileira de Redução de Riscos de Desastres.
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