A importância da Gestão de Crise em tempos de pandemia

A pedido, farei uma postagem abordando a importância da gestão de crises no cenário atual.

Por ser esse um assunto muito acadêmico, tecnicista e teórico, tentarei abordá-lo focando no momento atual que vivemos, de forma que fique a leitura mais agradável, compreensível, atrativa e aplicável às diversas áreas do saber dos leitores.

Qual o conceito e a importância do gerenciamento de crises e de continuidade de negócios para empresas?

Iniciamos diferenciando crise de problemas, já que problemas são eventos decorrentes do dia a dia de quase todas as organizações, os quais, se não monitorados e/ou gerenciados de forma adequada, podem trazer impactos substanciais às mesmas. Já crise, é um evento imprevisível que tem a capacidade de gerar prejuízos significativos tanto para as organizações quanto para seus integrantes. 

Desta forma definimos crise como qualquer evento ou percepção negativa a qual traga danos à imagem das organizações ou ainda possa prejudicar suas relações com a sociedade, com clientes, fornecedores, acionistas, parceiros, órgãos reguladores e demais entes interessados.  

Podemos dizer ainda que crise é qualquer ocorrência ou evento que possa prejudicar a imagem da organização, não se tratando apenas de crise operacional como vazamento de produto, explosões, incêndios e epidemias, mas de todos os tipos de evento na qual sua imagem possa ser abalada tais como: greves, acidentes graves, denúncias, conflitos e embates com o poder público, etc… 

Lembramos que uma crise não gerenciada de forma adequada pode resultar, até mesmo, no fim de uma empresa. 

Os cenários de situações inesperadas ou incidentes, quer sejam tecnológicos, desastres ou até mesmo crises como a pandemia global que vivenciamos, devem estar relacionados no Plano de Continuidade do Negócio, pois nele é que estará contido de forma sistematizada as ações de contingência que deverão ser executadas.

Gestão de crises no momento atual

Todos sabemos que um adequado programa / sistema para gerenciar crises e emergências é de suma importância para a continuidade operacional do negócio de qualquer corporação, quer seja ela pública ou privada, mais ainda na atual conjectura em que o nosso pais se encontra, onde diversas atividades estão praticamente paralisadas, imergindo numa crise econômica / financeira sem precedentes.

Estamos passando por um momento de “tantas dúvidas” que nem os especialistas, nem os mais otimistas, arriscam afirmar quando esta situação caótica findará.

O que esperar das lideranças e das corporações em face a essa crise?

Temos presenciado governantes, empresários, membros da comunidade cientifica e econômica buscando soluções para os enormes desafios que ainda hão de vir, na realidade sabemos não existe uma receita pré-definida, já que os acontecimentos e resultados são dinâmicos e mudam constantemente.

Nesse momento de crise é necessária uma visão sistêmica, eclética, abrangente e multidisciplinar. Por isso a premissa esperada é que todas as ações sejam norteadas por estudos técnicos / científicos de fontes confiáveis, levando sempre em consideração o respeito à vida humana, devendo ser deixado de lado a evidente dicotomia entre saúde e economia, esquecendo os diversos interesses envolvidos, uma vez que temos que pensar e focar num objetivo único e maior, “ a salvaguarda da vida humana e o bem-estar e segurança da coletividade”.

No que tange a gestão dessa crise em especial, acredito que devamos acompanhar, avaliar e desenvolver ações direcionadas as áreas sociais, econômicas e de saúde e segurança, visando desta forma minimizar os seus impactos e consequências.

Por isso qualquer plano de gerenciamento de crises elaborado deve focar na retomada da economia, com prudência, pensando na segurança sanitária com ações planejadas para atendimento a médio e longo prazo. Só que para a eficácia da efetivação dessas ações, é necessário nos darmos conta que não existem respostas preconcebidas, em especial para problemas complexos, novos, críticos e de difícil solução como os gerados atualmente. Por isso é vital que nossas lideranças se deem conta de qual é seu papel nesse contexto e quais são suas atribuições institucionais, da mesma forma que assumam as respectivas responsabilidades, comportando-se em conformidade com a altura dos cargos que ocupam e, que venham a servir de exemplo positivo, de forma que possamos juntos “reconstruir” nosso país. 

Plano de Gestão e Recuperação de Negócios

As corporações empresarias de pequeno e grande porte, devem traçar metas e planos estratégicos de forma a verificar qual a estrutura que se faz necessária para atender com proatividade, eficácia e agilidade seus clientes, sem deixar de lado a perenidade dos negócios, quer seja do ponto de vista financeiro, quer seja no tocante a preservação das pessoas e do clima organizacional. 

Muitas organizações terão que desenvolver e colocar em prática um adequado plano de recuperações de negócios, os quais devem ser específicos para cada atividade crítica do negócio e que devem apresentar etapas específicas e direcionadas para a reativação do processo de negócio.

A Gestão de Continuidade dos Negócios tem como premissa básica orientar as empresas e organizações nas respostas as diversas situações críticas que possam causar a interrupção e indisponibilidade da infraestrutura ou de operação das áreas de negócio da empresa, evitando desta forma a instalação de potenciais cenários de crise institucional como as vivenciadas atualmente. 

O Plano de Continuidade de Negócios deve sempre que possível e dependendo do porte da organização, ser constituído pelo:

  • Plano de Resposta a Emergência
  • Plano de Recuperação de Desastres
  • Plano de Administração e Gerenciamento de Crises
  • Plano de Continuidade Operacional.

No mínimo é esperado que uma empresa tenha o seu Plano de Gerenciamento de Crises, já que nele estará definido o provável conjunto de cenários de crises bem como os procedimentos específicos de gestão para administrar, neutralizar ou eliminar impactos até que a crise seja superada. 

Aprendizados e legado que ficará pós crise

Posso dizer, sem medo de errar, que a palavra do momento chama-se resiliência, palavra essa originada do latim: “Resilire”, que significa “voltar atrás”. Ela está, nesse caso, associada à capacidade que temos para lidar com nossos próprios problemas, de sobrevivermos e superarmos momentos difíceis, diante de situações adversas e não ceder à pressão, independentemente da situação vivenciada. 

Portanto podemos dizer que a resiliência se traduz na capacidade de lidar com problemas, adaptar-se as mudanças bem como superação de obstáculos. Esta competência está diretamente relacionada com a nossa capacidade e habilidade de lidar e superar as adversidades, ou seja, de transformarmos experiências como as quais estamos vivendo, nem sempre tão positivas, em aprendizados e oportunidades de mudança.  

Passada a fase inicial dessa crise temos que pensar numa estratégia mais abrangente e efetiva visando melhorar as condicionantes de saúde, bem como nossa economia e saúde financeira. Teremos uma longa e árdua caminhada em busca da retomada da economia, bem como a normalização da vida social das comunidades impactadas e da sociedade como um todo. Certo é que essa crise nos deixará como legado uma necessidade real de repensarmos nossa existência bem como nossos hábitos e ações como seres da coletividade.


O blog Emergência em Pauta trata do gerenciamento de emergências e segurança contra Incêndio e Pânico. O autor do blog é Marco Aurélio Nunes da Rocha, Técnico em Segurança e em Emergências Médicas. Graduado em Segurança e Pós-Graduado em Gerenciamento de Emergências e Desastres, em Segurança e Higiene Ocupacional, em Toxicologia Geral e em Segurança contra Incêndio e Pânico. Especialista em Urgência e Emergência Pré-hospitalar. Professor de cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia de Prevenção e Combate a Incêndios, Defesa Civil, Gestão de Emergências e Desastres e em APH Tático. Membro da International Association of Emergency Managers (AEM/USA). Diretor do SINDITEST/RS.
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