Pasmem! São Paulo é o último!

Em São Paulo ainda não se faz distinção entre “bombeiro” e “polícia”. Forma-se “polícia”, a certo custo, para depois transformá-lo em “bombeiro”, dobrando o encargo.  Essa redestinação pode se repetir inúmeras vezes. Todos perdem, principalmente a população.

Os gaúchos emanciparam o Corpo de Bombeiros em 2017 e os paranaenses (em penúltimo), seguiram o exemplo neste ano de 2022.

São Paulo?! Em vão, muitos profissionais buscaram convencer a Alta Administração da necessidade e conveniência de um Corpo de Bombeiros emancipado, segundo o modelo universal! Isso ocorreu em 1947, 1989, 1994, 1999, 2015. Rotulados de “separatistas”, uma forma de macular a proposição, tais profissionais colheram, especialmente em 1947, 1999 e 2015, punições administrativas, transferências para o serviço policial (foram redestinados) e sujeição a IPMs.

No ano corrente, apesar de acordo ajustado para encaminhamento da “emancipação”, o foco foi desviado para objetivos operacionais do Corpo de Bombeiros, alijando talvez a maior chance de se efetivar esse necessário ajuste técnico/administrativo. Porque esses movimentos não foram simultâneos, visto serem distintos e sem custos, até hoje é algo a se explicar.

O Governador eleito, reconhecidamente um qualificado gestor, já declarou a pretensão de governar em alto nível. Pois bem, isso passa por modernizar estruturas arcaicas, como esta aqui descrita. O problema é que ele poderá ser mal informado por sua assessoria, a saber, o comando da PM.

São Paulo não abriu mão da “honra” de ser o “lanterna”, nesse jogo de competência. Esperemos que renuncie ao troféu de ser o “único” a permanecer atestando incompetência.

Resta-me, como paulista, torcer para que surjam mentes lúcidas e equilibradas que percebam e se disponham a corrigir essa situação vergonhosa!


O blog Falando de SCI (Segurança Contra Incêndios) trata dos incêndios e seus impactos na sociedade e de fundamentos e aspectos da regulamentação de segurança contra incêndio em geral. Seu autor é Walter Negrisolo, oficial da RR (reserva remunerada) do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo; Mestre em Arquitetura e Urbanismo e Doutor em SCI.
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1 COMENTÁRIO

  1. Exatamente como o Dr. Walter Negrisolo, meu professor na área de Tática e Combate a Incêndio e também meu Comandante nos idos dos anos 90, corroboro o texto escrito por ele sobre a condição de “laterninha” do Estado de São Paulo, o estado mais rico da União, mais desenvolvido e também o que apresenta maiores recursos na área de tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação.
    Já defendi uma tese de doutorado que mostra o quanto o Corpo de Bombeiros de São Paulo (CB), pode ser considerado uma organização ainda mais capaz, pujante, mais eficiente e mais desenvolvida nessa área de PD&I, gerando economia e efetividade na sua prestação de serviços.
    Todavia, dentro dessa estrutura dependente de uma outra organização que tem como missão um escopo totalmente diferente da missão e visão de futuro do nosso CB, não é possível atingir essa meta estratégica que tornará o CB de São Paulo uma Corporação em nível de primeiro mundo, pois seus dirigentes e servidores são sempre muito admirados pelo seu compromisso e dedicação ao ofício. Certamente, darão um impulso muito maior à organização quando tornar-se independente de um Comando Superior ao Comando do Corpo de Bombeiros de SP.
    O CB de SP atua lastreado pela legislação mais importante no ordenamento jurídico (Constituições Federal e Estadual), em uma prestação de serviços à população paulista e, em alguns casos, enviando servidores militares de SP para atuar em outros estados da Federação, nos casos de calamidades, compartilhando equipamentos e conhecimento técnico na área de Defesa Civil (que é a pasta que deveria comandar os Corpos de Bombeiros). Eu também já trabalhei na área de Defesa Civil no Palácio dos Bandeirante e sei como a estrutura de toda a Defesa Civil depende do Corpo de Bombeiros na fase operacional e de atuação nas calamidades.
    Nesse sentido, e diante de todo o reconhecimento que nosso CB conquistou, demonstra ser uma instituição abnegada e que merece ter sua administração totalmente independente e emancipada da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

  2. Alguns assuntos, por tão óbvios, se tornam impossíveis de explicar para mentes ainda fechadas para eles. Essa questão é um deles. Os serviços de bombeiros nada têm a ver com a atividade policial, e vice-versa. Ambos são necessários e ambos são importantes, cada um com sua própria natureza que não se comunica com a do outro. Não por acaso, como destacou o autor, o mundo moderno faz (e sempre fez) essa distinção naturalmente. Conta-se nos dedos os países que usam o modelo adotado por São Paulo e são, em regra, pouco desenvolvidos, para não dizer atrasados no concerto das nações. Por isso, a insurgência das autoridades policiais contra a emancipação dos serviços de bombeiros, que foi por muito tempo vista como manifestação de miopia, agora já pode ser adjetivada. E de forma bem negativa.

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