Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock

Equipes de emergência devem ter conhecimento sobre as técnicas de extração em casos de asfixia postural nos acidentes por capotamento

De acordo com dados publicados pelo Ministério da Saúde (DataSUS), entre 2020 e começo de 2021 o Brasil registrou 33.497 mortes por acidentes de trânsito, sendo os motociclistas com 12.011 mortes, seguidos pelos ocupantes de automóveis leves, com 6.987 mortes, automóveis pesados 862 mortes, pedestres, com 5.120 mortes, ciclistas com 1.352 mortes e outros casos com 7.165 mortes. Com tamanha dimensão, esses números assustadores superam, em muito, o número de ucranianos mortos nos primeiros meses de guerra com a Rússia.
Segundo a CNT (Confederação Nacional dos Transportes), ao longo de 2022, quase 65 mil acidentes foram registrados nas principais rodovias federais do Brasil. Dessa totalidade, 82%, ou 52.948 acidentes, acabaram com vítimas feridas ou fatais. Ao traçar um perfil dos acidentados e da maioria dos acidentes de trânsito com vítimas, conseguimos definir que 81,3% dos acidentes, ou 4.414 pessoas, com mortes registradas em 2022, eram homens. Mapeando ainda o perfil por faixa etária, os dados mostram que a maior parte das vítimas fatais é de pessoas acima dos 45 anos.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) destaca que 90% das mortes no trânsito ocorrem em países de baixa e média renda, onde esses tipos de acidentes custam aos países cerca de 3% de seu PIB (Produto Interno Bruto), e que as lesões ocorridas no trânsito estão entre as principais causas de morte entre crianças e jovens de 5 a 29 anos.

CAPOTAMENTO
Dados da OPAS (Organização Pan-Americana) e CNT (Confederação Nacional dos Transportes) apontam que o maior número de acidentes em 2022 no Brasil foram as colisões, que representam 60% dos casos, ou seja, 31.772 registros. Em segundo lugar, estão as ocorrências por saída de pista, com 8.035 casos. O capotamento aparece na terceira colocação com um total de 6.260 ocorrências, sendo o ano de 2022, o que mais teve registros de capotamento em toda história.

Ao abordar os parâmetros de energia cinética dos acidentes de trânsito sabemos que um aumento na velocidade média está diretamente relacionado tanto à probabilidade de ocorrência de um acidente quanto à gravidade das suas consequências. O aumento de 1% na velocidade média produz um aumento de 4% nos riscos de acidente fatal e um aumento de 3% nos riscos de acidente grave. Esses riscos podem aumentar ainda mais as taxas de gravidade e morte se forem associados com a influência de álcool ou qualquer droga psicoativa.

O capotamento pode ser definido como a rolagem do veículo em um ângulo superior a 90º em relação ao seu eixo longitudinal, então o impacto com o solo ocorre. Capotamentos são acidentes complexos, considerando seus aspectos cinemáticos e dinâmicos. Além disso, as causas são muitas e difíceis de prever, portanto, não existe uma característica básica. Tipo de veículo, localização do centro de gravidade, ângulos de rolagem, de arfagem e de guinada são algumas das variáveis que têm uma grande influência no evento de capotamento.


Referências:

  • United States Department of Transportation, National Highway Traffic Safety Administration, 2022.
  • Ednei Fernando dos Santos; Thatiana Carolina Schulze Goni; Marcelo Donizeti Silva; Myrna Marques Lopes ; Mark Dixon. Biomechanical comparisson between in-line extrication techniques versus kendrick extrication device (ked) in traffic accident. International journal of current research, 2023.
  • Ednei Fernando dos Santos; Myrna Marques Lopes; Donizeti Silva. Analysis of victim extraction techniques in spinal motion restriction. Brazilian Journal of Health Review, 2023.
  • Organização Mundial da Saúde (OMS). Acidente de Trânsito, 2022.
  • Organização Pan-Amerinana de Saúde (OPAS). Segurança no Trânsito. 2023.
  • Confederação Nacional dos Transportes. Acidentes e mortes nas rodovias federais. cnt.org.br, 2023.
  • Angela Martin a , Joseph B. Miller b , Mark Walsh c , Joseph A. Prahlow d. Positional asphyxia in rollover vehicular incidents. Injury Extra. 2010.
  • Carol Conroy; Christina Stanley, A; Brent Eastman; Teresa Vaughan, RN; Gary M. Vilke;  David B. Hoyt;  Sharon Pacyna;  Alan Smith. Asphyxia A Rare Cause of Death for Motor Vehicle Crash Occupants. The American Journal of Forensic Medicine and Pathology. 2008.
  • Santos Júnior H, Giacon-Arruda BCC, Larrosa S, Andrade AR de, Teston EF, Ferreira Júnior MA. Extrication techniques of entrapped car crash victims: a scoping review . Rev esc enferm USP [Internet]. 2021;55:e20210064.
  • Sigitas Chmieliauskas; Eimantas Mundinas; Dmitrij Fomin; Gerda Andriuskeviciute;  Sigitas Laima; Eleonora Jurolaic; Jurgita Stasiuniene;  Algimantas Jasulaitis. Sudden deaths from positional asphyxia. Medicine Open, 2018.
  • Russell S. Veja; Vernard I. Adams. Suffocation in Motor Vehicle Crashes. The American Journal of Forensic Medicine and Pathology. 2004.

Autor:

Ednei Fernando dos Santos – Sargento do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, graduado em Educação Física e graduando em Enfermagem, especialista e Mestre em Ciências da Reabilitação e Traumatologia, Doutorando em Ciências da Saúde, docente na Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pesquisador em Salvamento Veicular e Atendimento Pré-Hospitalar.
[email protected]


Confira o artigo completo na edição de nov/23 / jan/24 da Revista Emergência.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!