Crédito: BETO SOARES/ESTÚDIO BOOM

A história da criação do Serviço de Salvamento Marítimo em Santos, o primeiro do segmento no estado de São Paulo

No estado de São Paulo, coube aos santistas o pioneirismo pelo primeiro serviço de salvamento marítimo nos idos da década de 20, apesar de sua história estar diretamente ligada à criação do Corpo Municipal de Bombeiros de Santos, em 20 de fevereiro de 1890. No início da década de 20, o Corpo de Bombeiros Municipal de Santos passou a ter maiores demandas de combates a incêndios e socorros a embarcações na Baía de Santos. Desta forma, vislumbrando o problema que surgia e aumentava a cada ano, o então comandante do Corpo Municipal de Bombeiros de Santos, capitão José Martiniano de Carvalho, em 14 de dezembro de 1921, por intermédio de seu relatório anual, propôs à Câmara Municipal de Santos a criação de um Posto Marítimo nos moldes dos que se instalavam no Rio de Janeiro e Porto Alegre, como também expôs a necessidade de se adquirir uma lancha com casco de aço, nos moldes da oferecida pela empresa inglesa Merryweather, para que, em posse da lancha e bem como do Posto Marítimo, o Corpo de Bombeiros Municipal, estivesse em melhores condições de acudir os sinistros no mar (Figura 1). A apreensão do comandante Martiniano, neste instante, ainda não era para salvamento de banhistas no mar propriamente dito, mas já era, indiretamente, uma preocupação para problemas que logo viriam a ser corriqueiros no município.

Nos anos seguintes, em 1922 e 1923, o então capitão Martiniano encaminha à Câmara Municipal de Santos seu relatório anual. Ao discorrer sobre os temas atinentes ao quartel, dentre as diversas questões apresentadas, propõe, mais uma vez, a necessidade de se estabelecer um Posto Marítimo citado no relatório do ano anterior: “[…] também é sua tarefa socorrer embarcações ancoradas em nossa baía, para o que nos falta o devido aparelhamento, conforme detalhado em relatórios anteriores”.

A partir de 1923, com o crescimento de Santos, como também São Vicente e Guarujá, passa a existir um aumento do número de afogamentos de banhistas no mar. Estes acontecimentos começam a gerar curiosidade e repercussão na imprensa. Um dos mais antigos é o narrado na reportagem do Jornal “A Gazeta”, em 10 de maio de 1923, que tendo por base uma ocorrência de morte por afogamento do filho de um jornalista da publicação, também repórter, em uma praia do Guarujá, conclama à municipalidade a necessidade de instalação de postos de salvamento nas praias nos moldes dos vistos nas praias do Rio de Janeiro. Com o título “As praias de banho”, a publicação trazia o texto: “Em Santos e São Vicente têm uma lacuna: não dispõem de postos de salvamento, à semelhança dos que existem em todas as partes do mundo. São frequentes, por isso, os desastres funestos, sendo raro o ano em que o mar não faça vítimas, que sucumbem sem o menor socorro. Ainda há dias, no Guarujá, um nosso distinto colega de imprensa viu desaparecer, assim, nas ondas, um filho querido, que em vão bracejara, pedindo que o salvassem. Nenhum banhista se aventurou a afrontar o oceano, que, ali por ser mar alto, é quase sempre bravio. Houvesse um posto de salvamento, devidamente aparelhado como os que funcionam no Rio, na praia do Leme, não teríamos a registrar esse e outros desastres. Cabe às municipalidades de Santos e São Vicente providenciarem neste sentido […]”.


Dados do autor:

Paulo Sérgio dos Santos – Capitão PM Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Chefe da Seção Administrativa do Comando de Bombeiros do Interior – 3, sediado em Santos/SP, Guarda-Vidas, Mergulhador e Operador de Embarcações.

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